top of page

Eros e Psique: a difícil arte dos relacionamentos

Atualizado: 21 de ago. de 2020


Há várias camadas de complexidade no termo psique ou psiquê. Para começar, Psiquê é o nome de uma mortal tão bela que provocou tanto ciúmes na grande deusa Afrodite que esta despachou seu filho Eros para lidar com a questão. Como todos sabemos, Eros acabou se apaixonando e a relação transformou a ambos.


Por extensão, psique dá nome hoje à estrutura mental ou psíquica de um indivíduo, que se revela e se desenvolve em relação de alteridade, isto é, por meio dos relacionamentos.


Relações são algo de tirar o fôlego, para o bem ou para o mal, certo? Não por acaso, em grego a palavra psiqué deriva do verbo psýkhein, “soprar, emitir um sopro”.


Como diz Junito Brandão, “a psiqué é, pois, ´o sopro, a respiração, o hálito, a força vital, a vida´, sentida como sopro, daí ´alma do ser vivo, sede de seus pensamentos, emoções e desejos´” (BRANDÃO, 2014, p. 542).


De onde se derivou a noção do ´próprio ser, a individualidade pessoal, a pessoa, a parte imaterial e imortal do ser´” (BRANDÃO, 2014, p. 542).


Neste contexto, um dos mitos mais belos é o de Psiquê e Eros. Seu primeiro relato pode ser encontrado na obra O Asno de Ouro, escrito no século II d.C. por Lucio Apuleio (125-175 d.C.). Também conhecida por Metamorfoses (APULEIO, 2019), trata-se, até onde sabemos, do único romance latino da Antiguidade a sobreviver na íntegra até os dias atuais.


A obra mostra como os altos e baixos de um relacionamento amoroso transformam a ambos. Não é um caminho fácil, e a bela mortal tem de enfrentar quatro trabalhos hercúleos no caminho de transformação.


Mas o resultado é uma tomada de consciência que antes não existia. Ou melhor, estava latente. Como diz a psicoterapeuta analítica alemã Marie-Louise von Franz (1915-1998), esses processos de desenvolvimento psíquicos são urdidos no nível profundo do inconsciente. Assim, pode parecer que o indivíduo leva uma dada vida na superfície até que em algum momento estas duas correntes se encontrem e se unam (FRANZ, 2014).


Dra. Monica Martinez


Para saber mais

APULEIO. O asno de ouro. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2019.

BRANDÃO, J. DE S. Dicionário Mítico-Etimológico. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.

FRANZ, M.-L. VONZ. Asno de ouro: o romance de Lúcio Apuleio na perspectiva da psicologia analítica junguiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.



Serviço





41 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page