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História de vida ajuda a entender o transtorno bipolar afetivo bipolar

  • Foto do escritor: Monica Martinez
    Monica Martinez
  • 19 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

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Acabei de ler Uma mente inquieta, da psicóloga Kay Redfield Jamison. Tenho gostado cada vez mais de me debruçar sobre estes assuntos por meio da leitura de obras de não ficção, nas quais as narrativas do real nos ajudam a tentar entender alguns aspectos dos transtornos mentais.


Pois bem. Trata-se de um relato pessoal importante sobre o transtorno afetivo bipolar (também conhecido por TAB), distúrbio complexo que no livro ainda é tratado pelo termo antigo, doença maníaco-depressiva (a obra foi lançada em 1995).


Sua característica mais marcante seria a alternância de episódios de depressão com os de euforia (mania e hipomania) e de períodos assintomáticos entre eles.


A autora, psicóloga clínica e professora titular Transtornos de Humor e Psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, discorda da escolha deste termo.


Além de referência no assunto, ela fala com experiência pessoal: teve seu primeiro surto aos 17 anos de idade (hoje, 2022, está com 75).


Jamison considera “a palavra ‘bipolar’ insultuosa de uma forma estranha e intensa: ela me parece obscurecer e minimizar a doença que supostamente representa”, escreve na página 214. “Já a descrição ‘maníaca-depressiva’ parece captar tanto a natureza quanto a seriedade da doença que tenho, em vez de procurar encobrir a realidade desta condição”.


Ela prossegue: ‘classificar os transtornos do humor em categorias unipolares e bipolares pressupõe uma distinção entre a depressão e a doença maníaco-depressiva – no sentido tanto clínico quanto etiológico – que nem sempre é clara ou corroborada pela ciência”, define na página seguinte.


“Da mesma forma, o termo perpetua a ideia de que a depressão existe perfeitamente segregada em seu próprio polo, enquanto a mania se acumula, isolada, no outro”, explica na página 215. “Essa polarização de dois estados clínicos desafia abertamente tudo que sabemos sobre a natureza instável e heterogênea da doença maníaco-depressiva; ela ignora a questão de saber se a mania não é, em última análise, apenas uma forma extrema de depressão; e ela minimiza a importância dos estados mistos, condições que são comuns”.


Na 5.ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou DSM-5, manual da Associação Americana de Psiquiatria, há uma divisão entre o tipo 1 e 2, sendo que o primeiro seria caracterizado por mais episódios mania e o segundo, com episódios depressivos maiores.


Mas o manual reconhece que a “vasta maioria dos indivíduos cujos sintomas atendem aos critérios para um episódio maníaco também tem episódios depressivos maiores durante o curso de suas vidas”.


Discussões sobre definições à parte, o fato é que Jamison relata de uma forma extremamente franca como lidou (e lutou por anos com) o transtorno, até aceitar se submeter ao tratamento.


O que no seu caso foi tomar a medicação (lítio) de forma regular. Com o ajuste da substância, ela consegue que a mente inquieta aos poucos retorne a uma condição estável o suficiente que lhe permite lidar melhor com seu cotidiano.


A obra também registra que uma coisa que ela nunca abandonou foi a psicoterapia, vital para que ela superasse os momentos mais dramáticos pelos quais passou.



 
 
 

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