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Persona: nossas máscaras sociais, porque elas podem nos fazer sofrer e como lidar com elas


A persona é um dos conceitos mais práticos idealizados por Jung.


Em latim, persona quer dizer máscara e remete às máscaras usadas por atores no teatro greco-romano. Neste sentido, nossas máscaras ajudam a compor os personagens por meio dos quais interagimos com os objetos, as pessoas e os fatos que fazem parte de nossa realidade.


Em outras palavras, todos tem uma para chamar de sua. Portanto, a princípio, não são necessariamente boas ou ruins. Jung diz que surgem por uma questão de adaptação ou de necessária comodidade.


O psicoterapeuta Robert Hopcke explica que nossa persona pode ter uma face bem desenvolvida e socialmente adaptada. Como exemplos, podemos citar um marido dedicado à família, um estudante esforçado ou uma jovem executiva em ascensão na carreira.


Segundo Hopcke, pode-se também ter uma máscara bem desenvolvida e socialmente desajustada. É o caso do poeta rebelde ou de uma pessoa daquele tipo irritante que acha que somente ela está certa e insiste em se manter fixa em sua opinião, discordando de tudo e de todos. E aí não entende porque não consegue se relacionar profundamente com ninguém.


O problema, portanto, não é vestir uma máscara e sair por aí, pois elas são necessárias e úteis, se bem usadas como o faziam os atores na antiguidade. Afinal, elas são importantes mediadoras entre o mundo externo e o interno.


O problema é ficar emperrado nela como o prisioneiro com uma máscara de ferro do livro Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Ou, em termos psicológicos, ficar identificado somente com aquela parte da personalidade. Aí tira a liberdade do indivíduo – o que pode doer e dar surgimento às neuroses.


Não raro, é uma das causas das turbulências psicológicas que levam as pessoas ao consultório. Longe de estilhaçar a persona, o psicoterapeuta provavelmente vai ajudar o analisando a se entender melhor com sua “capa protetora”, ver se ela ainda é necessária e, caso for, fazer ajustes possíveis nela.


Nos sonhos, essa necessidade pode se manifestar naqueles clássicos sonhos que envolvem a falta de roupas numa situação social, como a escola ou trabalho, ou fazer necessidades fisiológicas na frente de todos.


É o caso do conto de fadas “A roupa nova do rei”, do dinamarquês Hans Christian Andersen. Publicado em 1837, aborda um rei vaidoso que, enganado por um falso alfaiate, não percebe estar despido. Seus súditos não têm coragem de apontar-lhe o fato. O teatro continua até que uma criança, com a inocência e sinceridade típicas da idade, grita: “O rei está nu!" e a farsa é exposta.

Para saber mais

HOPCKE, R. H. Guia para a obra completa de C. G. Jung. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

JUNG, C. G. Tipos psicológicos (OC 6). 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.


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