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Amar os erros como acertos


Todos nós já cometemos erros. Tanto que há uma infinidade de frases e ditados que cercam a experiência humana de errar.


Se aprendemos com eles, em tese, saímos mais inteiros. Como a parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32), que teve um final mais acolhedor para o rebento que perdeu sua parte da fortuna do pai.


O problema é que, no mundo ocidental, as narrativas do errar mais comuns são as que terminam mal, como as de Adão e Eva, expulsos do jardim de Éden por terem quebrado uma norma. Sem direito a segunda chance.


Não por acaso, erros que entendemos ter cometido – e que às vezes só existem em nossa mente – podem nos aprisionar em culpa e remorso.


E com a mente presa no passado, pode ficar difícil se sentir livre para olhar as oportunidades que estão no presente, acenando para nós.


Em 1935, aos 60 anos, depois de ter proferido uma palestra em Harvard, Carl Gustav Jung viajou para New York. Num seminário antes de partir para Londres, disse o seguinte – em tradução livre – sobre o assunto:


"Portanto, a última coisa que eu diria a cada um de vocês, meus amigos, é: Continue com a sua vida o melhor que puder, mesmo que seja baseada no erro, porque a vida tem que ser desfeita, e muitas vezes se chega à verdade por meio do erro. Aí (...) você terá realizado seu experimento [de vida]. Então, seja humano, busque o entendimento, busque o insight, e faça sua hipótese, sua filosofia de vida. Deste modo, podemos reconhecer o Espírito vivo no inconsciente de cada indivíduo (Jung, 1987, p. 98).


Isto porque, dependendo de como o percebemos, o erro é simplesmente o avesso do acerto. Os dois se unem para formar as duas faces da experiência humana.


Bons erros e acertos neste ano!



Referência

JUNG, C. G. C. G. Jung Speaking: interviews and encounters. New Jersey: Princeton University Press, 1987.


A frase no original em inglês: "And so the last thing I would say to each of you, my friends, is: Carry through your life as well as you can, even if it is based on error, because life has to be undone, and one often gets to truth through error. Then (…) you will have accomplished your experiment. So, be human, seek understanding, seek insight, and make your hypothesis, your philosophy of life. Then we may recognize the Spirit alive in the unconscious of every individual (Jung, 1987, p. 98)".


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