Individuação, autorrealização e ordem das necessidades (parte 1)
- Monica Martinez

- 20 de nov. de 2020
- 2 min de leitura

Uma pessoa chega no consultório e sua queixa, vamos supor, é sobre o trabalho feito em casa durante a pandemia.
Como psicanalistas junguianos, nosso propósito em geral é o de trabalhar com alguns recursos, como ampliação de sonhos e sincronicidades, entre outros, para auscultar as esferas do inconsciente para ajudar a pessoa a elaborar a questão de uma perspectiva mais profunda.
Contudo, logo nas primeiras sessões, quando fazemos a anamnese – aquela conversa inicial para entender melhor o caso –, é comum notamos que podem haver necessidades básicas não atendidas.
A atenção ao corpo é uma delas. Esse corpo que é massacrado do ponto de vista cultural, econômico, de gênero, histórico e social.
Não é raro a pessoa não estar se alimentando bem ou ingerindo água na quantidade necessária para hidratar o corpo corretamente.
Alguém falou aí em dormir bem? Pois é. Quem já passou uma noite insone sabe como é difícil estar composto no dia seguinte. Imagine quem não tem um repouso relaxante, noite após noite.
Nesta questão, o conceito de individuação junguiano (JUNG, 2012 §1.084-1.106) serviu de base para o trabalho de vários outros psicólogos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2020, p. 363).
Um deles é o psicólogo estadunidense Abraham Maslow (1908-1970), que propôs a teoria da ordem da hierarquia das necessidades (SCHULTZ; SCHULTZ, 2020, p. 245-266).
De acordo com Maslow (MASLOW, 2011), as necessidades fisiológicas na base de sua pirâmide tem tal força que, se não forem atendidas, impedem ou no mínimo tornam mais lento o processo para que as seguintes sejam atendidas.
Uma pessoa faminta ou sem ar tem tal prioridade em atender estas demandas vitais que as outras necessidades, como estima e amor, naquele momento são menos importantes.
Veja que na tabela abaixo está contemplada também uma vida sexual ativa e saudável. Embora, claro, haja aqui um ponto de escolha de cada indivíduo na contemporaneidade, que vai do tradicional celibato à opção pela assexualidade, isto é, por querer ter um parceiro, mas não transar.
Quadro 1 – Pirâmide da ordem das necessidades de Abraham Maslow

Fonte: Wikipedia.
Como mente e corpo não estão apartados, há sempre o que fazer para trabalhar esta reconexão.
Em tempos de home office, por exemplo, uma posição mais confortável para o corpo durante o trabalho anda tão na pauta do dia quanto o tema da necessidade de melhores condições de remuneração e reconhecimento no campo profissional.
Referências
JUNG, C. G. A vida simbólica (OC 18/2). 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
MASLOW, A. H. Toward a psychology of being. Blacksburg, VA: Wilder Publications, 2011.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2020.
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